Entrevista
Wilma Ayako: coordenadora do EBRATS 2015
O evento programado para 2015 poderá ser impulsionado pelo desempenho das exportações, do agronegócio e pelos estímulos aos produção de autopeças nacionais
Química pela FASB e mestre em ciência dos materiais pelo IPEN - USP, Wilma Ayako Taira dos Santos é hoje representante no campo técnico e comercial da Electrochemical, empresa paulistana do setor galvânico.
Presidente na gestão 2010-2012 da Associação Brasileira de Tratamento de Superfície (ABTS), hoje ela ocupa a coordenação da 15ª edição do EBRATS e VI Interfinish Latino Americano, evento trianual do segmento de tratamento de superfície, aplicação imprescindível na produção industrial, inclusive em peças de fixação. Acompanhe a entrevista a seguir.
Revista do Parafuso: Estima-se que a carta de Pero Vaz de Caminha, certidão de nascimento do Brasil, levou 40 dias até as mãos do Rei de Portugal. Hoje, nesse mesmo tempo se faz uma infinidade de tarefas. Nessa linha “2015 já está aí” e parece que o último EBRATS foi “ontem”. O que pensa dessa rapidez das coisas modernas?
Wilma Ayako: Parece-me que muitos de nós não estão preparados para a rapidez com que o mundo torna coisas modernas obsoletas. A humanidade caminha para valorizar mais aqueles profissionais com maior capacidade de gerir novidades e delas fazer uso beneficiando-se da informação, que é vasta.
Como acompanhar tal velocidade? Não sei, mas todo o dia tenho a sensação de ter deixado de fazer inúmeras tarefas, todas importantes. O consolo é que estamos experimentando esta “nova era” todos juntos, e é um grande privilégio fazer parte de tantas transformações. No final percebemos que estamos realizamos muito mais do que há 30 anos atrás.
Em quanto corresponde o mercado brasileiro entre revestimentos decorativo e protetivo?
Não tenho o percentual atualizado por fontes oficiais, mas eu diria que estamos a 60% protetivo e 40% decorativo.
Qual o tamanho do mercado nacional em números?
Segundo a pesquisa encomendada pela ABTS, o mercado brasileiro consome diretamente em serviços de tratamentos de superfície o montante de R$ 2,5 bilhões/ano, sem considerar as galvanoplastias e empresas integradas ao processo produtivo.
Além disso, o setor de Tratamentos de Superfície é parte de um número muito grande de cadeias produtivas, como a indústria automotiva, construção civil, moveleira, decorativa, artefatos de metal entre outras.
“Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), o Brasil é o quarto país em licenciamento de veículos novos, ficando atrás somente da China, Estados Unidos e Japão.”
O Brasil é o 5º mercado mundial em produção automotiva; estima-se US$ 30 bilhões em investimentos até 2016. Como o setor de revestimentos avalia?
Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), o Brasil é o quarto país em licenciamento de veículos novos, ficando atrás somente da China, Estados Unidos e Japão. Já na produção é o sétimo maior produtor do mundo, o que nos dá indicativos que temos muitos desafios para o futuro.
Os números são animadores impulsionados pelo bom desempenho das exportações, do agronegócio e pela substituição de veículos importados por nacionais. A produção brasileira de autos em 2013 foi a melhor da história e ainda há muito espaço para o crescimento, sobretudo se considerarmos que a média de veículo por habitante ainda é baixa. No Brasil temos 5,7 habitantes para cada veículo contra 2,0 das nações mais desenvolvidas.
No setor de tratamentos de superfície, sabemos que o grande desafio é manter o nossos profissionais capacitados e atualizados, tanto nas novas tecnologias que surgem como nas crescentes demandas de regulamentação.
Como está a programação para o Ebrats?
Estamos com muita expectativa para o lançamento que será em 8 de abril deste ano, o que nos dará um direcionamento melhor. O evento acontecerá entre os dias 8 a 10 de abril de 2015, no Pavilhão Vermelho do Expo Center Norte em São Paulo, capital.
Pode traçar um comparativo da evolução do evento entre as edições anteriores?
Estamos trabalhando para que a 15ª edição seja maior do que o anterior (14ª em 2012), que teve 123 expositores, sendo 27 deles do exterior. Isso representou um aumento de 42% em relação a 13ª edição (2009). Estes números colocam o Brasil como importante centro de eventos de Tratamentos de Superfície do mundo.
Fale sobre o Interfinishing.
O Interfinishing é um congresso da IUSF – International Union for Surface Finishing. Costumo dizer que é a “FIFA dos tratamentos de superfície”. Em cada quatro anos é promovido um encontro mundial que acontece em países distintos. A última edição foi em Milão, na Itália, em 2012, onde a ABTS esteve presente com uma delegação e vários trabalhos apresentados. A próxima será em 2016 na Coréia Coréia do Sul. Nosso país já foi sede deste encontro mundial em 1992. Entre estes eventos que são mundiais existem os regionais, como o VI Interfinish Latino Americano que acontecerá junto com o 15º EBRATS. No Brasil já realizamos três eventos dessa natureza dada a importância do mercado brasileiro para a América Latina.
Estão previstas muitas palestras técnicas?
O número de palestras é sempre uma surpresa, mas iremos fazer muita divulgação junto às empresas e aos meios acadêmicos com o objetivo de trazer um número expressivo de trabalhos e de qualidade.
Em relação as edições anteriores, você acredita que dá para atrair muito mais visitantes ou os números estão dentro do esperado?
Da mesma maneira, o número de visitantes é imprevisível. Mas para a ABTS, mais importante que um número maior é observar a qualidade dos visitantes. Queremos sim que todo o profissional que trabalhe com tratamentos de superfície, de forma direta ou indireta, esteja no nosso EBRATS e desfrute dos conhecimentos que lá iremos compartilhar.
O maior legado deste e de outros encontros que promovemos na ABTS é fazermos com que o profissional participe das atividades e atue conosco para melhorarmos a qualidade técnica dos profissionais do setor, os capacitando e igualando aos melhores do mundo.
Em 2012 tivemos o pianista João Carlos Martins na abertura. Como será em 2015?
Surpresa...
Wilma Ayako Taira dos Santos
ABTS - Associação Brasileira de Tratamentos de Superfície
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