Editorial
Minas estéreis: o tesouro oculto
Já citado neste espaço, o livro “A Riqueza das Nações” (1776) – do filósofo escocês Adam Smith (1723 - 1790), considerado o pai da economia moderna – traz um trecho onde o autor fala sobre “minas estéreis”. Minas, literalmente, são depósitos naturais de minérios e outras substâncias úteis à humanidade. Mas seu significado é extenso, entre eles: “tesouro oculto”.
Minas são estéreis quando, momentaneamente, oferecem algo de valor menor do que o seus custos de extração. Exemplo disso é o petróleo do “pré-sal”, que tendo preço do barril abaixo US$ 45 ficará inviabilizado.
O Brasil é um campo repleto delas, algumas estereis por má gestão, caso do turismo, que falha no básico. Recentemente, um noticiário relatava que no aeroporto de Guarulhos, SP, os banheiros estavam mais limpos após a privatização. Lamentável o Estado não conseguir manter os banheiros limpos, sendo eles local da primeira parada dos viajantes após desembarques. Assim, qualquer nação com um pouco mais de organização leva nossos turistas, fácil.
Já no campo que mais nos interessa diretamente, que é a fixação, as coisas estiveram difíceis neste ano que está se encerrando – se é que ele começou. Este setor esteve estéril durante muito tempo dado seu alto custo de produção, bem mais elevado que a importação de parafusos e similares, conforme relatou na edição anterior o CEO da Jomarca, Ricardo Castelhano, na seção Persona.
Com a retomada da economia e com o câmbio no patamar atual, aqueles que importam fixadores acabados sentirão o impacto, mas as companhias asiáticas, europeias e norte-americanas de máquinas e ferramentas, além de insumos químicos para revestimentos decorativos e protetivos aos poucos terão oportunidades de recuperação, pelo menos no mercado interno.
Fábricas de parafusos esvaziadas, mal conservadas e com máquinas envelhecidas, devido a sua perda de competitividade, começarão um novo ciclo na produção industrial nacional, como um todo, saindo do estado da esterilidade, redescobrindo o tesouro oculto.
Boa leitura!
Sérgio Milatias
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