Li com atenção o artigo do Prof. Alfredo Calenci, na Revista do Parafuso (RP54 out./nov. 2015), onde ele manifesta apropriadamente sua visão humanista, atribuindo às Políticas Públicas o desgaste físico e emocional do trabalhador – e também de todos os cidadãos – contribuínte dos impostos em cadeia sem nada ter em troca. É fato que os empregados chegam ao trabalho cansados e estressados, mas não se pode transferir o problema para os empregadores e considerar que estes devem “pagar o pato”.
A maioria das empresas sérias acolhe seus empregados com adequadas condições de trabalho, preocupa-se com a saúde, higiene e segurança no ambiente interno, providencia EPIs, oferece treinamento e desenvolvimento, gerencia riscos de acidentes, fornece alimentação de qualidade ou vales refeições, etc. Algumas chegam a ter transporte fretado, creche, clube recreativo para a família e planos de saúde. Tudo isto tem um custo que é somado ao maior dispêndio das empresas – a folha de pagamento e respectivos encargos – além da imensidão de taxas e impostos pagos ao governo.
Nos métodos de trabalho consideram-se majorações em tempo para compensar a fadiga atribuída à atividade e ao ambiente interno (temperatura, iluminação, insalubridade). O respeito à condição humana é total, seja por consciência ou por lei. Além disso, preocupam-se com a sustentabilidade do meio ambiente. Estudo profundo sobre o assunto encontra-se no livro O Trabalho – Mais Resultado com Menos Esforço/Custo – Passos para Produtividade. Análises frequentes são publicadas semanalmente em Doses de Produtividade (www.fullmann.com.br).
No mundo empresarial, a mais justa e efetiva medição de produtividade pode ser representada pela relação ganho/despesa operacional, sendo ganho a diferença entre o preço líquido de vendas (descontados os impostos) e os custos diretamente variáveis (principalmente matérias-primas, componentes e serviços terceirizados aplicados ao produto). Na despesa operacional junta-se tudo o que a empresa gasta, exceto o custo diretamente variável. A Despesa Operacional ocorre mesmo que nada se produza ou venda.
Independentemente do país em que uma empresa atue, a relação entre o que se ganha e o que se gasta ao longo de um período é medida pela produtividade – uma medida relativa, consciente e lógica – que não mistura as condições externas.
Há sempre um contrato de trabalho que considera uma contrapartida entre os gastos que a empresa tem com um empregado e o que ele produz; a meta de cada pessoa deve estar alinhada com a meta de qualquer empresa de produção, que é ganhar mais dinheiro hoje e sempre, satisfazendo as necessidades de seus empregados, clientes, governo e sociedade.
Medir a produtividade por empregado dentro da empresa é legítima.
O uso frequente de celulares dentro do ambiente de trabalho para manter-se conectado com redes sociais, que nada tem a ver com sua atividade contratada, tem baixado o desempenho das pessoas, independente das suas condições de chegada ao trabalho.
As legítimas ponderações do Prof. Colenci, quanto aos fatores do Ambiente Territorial, poderiam ser assumidas pelos sindicatos dos empregados para forçar o governo a fazer sua parte com as Políticas Públicas e ajudar as empresas a crescerem e serem mais produtivas para investirem mais e gerar mais empregos.
A aplicação consciente dos conceitos de produtividade para incrementar a pujança econômica do país, eliminar a improdutividade da classe política e melhorar a qualidade de vida dos cidadãos, dispensa revisão. Basta ética.
Prof. Eng. Dr. Claudiney Fullmann
Consultor em estratégias empresarias, palestrante e professor universitário da FEI, MAUÁ, FGV, PUCRS, HSM e BSP.