O assunto é: manufatura por forjamento
O professor engenheiro Lírio Schaeffer, presidente da comissão organizadora do Senafor, explica como surgiu o evento e qual a importância para o setor
Lírio Schaeffer: presidente da comissão organizadora do Senafor
Fundação Luiz Englert, com a cooperação do Laboratório de Transformação Mecânica – LdTM – e do Sindiforja – Sindicato Nacional da Indústria de Forjaria –, promove em Porto Alegre, RS, entre os dias 14 e 16 de outubro, o 29º Senafor – 13ª Conferência Internacional de Forjamento e a 12ª Conferência Nacional de Conformação de Chapas. Trata-se de um evento que reúne profissionais do setor de forjaria do Brasil e de diversos países do mundo – com presença de renomados pesquisadores internacionais –, que aproveitam o encontro para apresentarem trabalhos, novas tecnologias e trocar experiências sobre o segmento. O Presidente da Comissão Organizadora do Senafor, o professor Lírio Schaeffer, conversou com a reportagem da Revista do Parafuso e contou um pouco sobre o Senafor, destacando a grande importância desta Conferência ao País. Schaeffer é professor engenheiro com 36 anos de profissão, Mestrado (UFRGS) e Doutorado (Universidade Técnica de Aachen/Alemanha) e mora em Porto Alegre, RS.
Revista do Parafuso (RP): Quando e quais as razões que motivaram o surgimento do Senafor? Fale a respeito.
Lírio Schaeff er (LS): O Senafor surgiu em 1982, motivado pelo engenheiro Paulo Regner, diretor da empresa Albarus, atualmente Dana – uma das maiores forjarias do Brasil. Tinha como objetivo congregar especialistas da área de processos de manufatura por forjamento. Os técnicos e engenheiros da indústria teriam neste local um ambiente para relatar suas experiências, e os pesquisadores de universidades uma oportunidade para demonstrar os desenvolvimentos de tecnologia oriundos da formação de Mestres e Doutores, que estavam se especializando nas técnicas do forjamento. Essas trocas de experiências aperfeiçoariam os processos de forjamento nas empresas brasileiras, bem como na produção com custo minimizado e melhoria da qualidade.
RP: Está envolvido com o Senafor desde o início?
LS: Acostumado – como Mestrando e Doutorando – a apresentar trabalhos em congressos, o engenheiro Regner entendeu naquela época que eu deveria organizar congressos que juntasse empresas e centros de desenvolvimento de tecnologia (que no Brasil se concentram, principalmente, nas universidades públicas). Assim, com o apoio financeiro da Albarus, como forte patrocinador, deu-se início aos Seminários Nacionais de Forjamento, de onde originou o nome Senafor. Com a forte presença de pessoas do exterior, que constantemente compareciam aos seminários, decidiu-se em 1994, a denominar o encontro de Conferência Internacional de Forjamento (International Forging Conference).
RP: Atualmente, qual é sua participação na organização?
LS: Continuo como Presidente da Comissão Organizadora, formada por pessoas das indústrias, das universidades e também de entidades do exterior.
Arquivo: show room no Senafor 2008
RP: Como foi o processo de desenvolvimento do Senafor e como ele funciona hoje? Existem muitas as diferenças entre o passado e o presente?
LS: Na essência, pouco se modificou com o passar do tempo. Talvez a principal diferença esteja na forte presença de empresas que demonstram seus produtos no “show room”, que funciona de forma paralela à conferência.
RP: Como você avalia a importância do Senafor e o impacto no meio acadêmico e industrial brasileiro?
LS: A grande importância deste evento é ter trazido para o Brasil uma quantidade muito grande de informações tecnológicas sobre o processo de forjamento. A maioria das apresentações técnicas é publicada nos Anais das Conferências. Em toda história brasileira, jamais se concentrou tantas informações técnicas como os textos mostrados nos Anais do Senafor. Essas informações são importantes tanto para a indústria, como para os futuros pesquisadores, que no meio acadêmico desenvolvem trabalhos de pós graduação na área de forjamento.
É importante frisar que todos os desenvolvimentos tecnológicos nesta área são fortemente financiados pelas próprias indústrias. O apoi governamental não tem sido tratado com a devida importância que esta área tem para o País. Lembramos que o Brasil possui uma das maiores reservas de materiais metálicos do planeta. Produzir um componente acabado é fundamental para aumentar o valor agregado de nossas exportações. Será que os processos de manufatura não são tão importantes como a nanotecnologia, informática, biotecnologia, energia e saúde (áreas prioritárias do governo brasileiro)?
RP: Neste ano teremos alguma novidade?
LS: O evento continua reunindo técnicos e especialistas da indústria, que fazem relatos de chão de fábrica. Mostrará resultados dos desenvolvimentos acadêmicos, e no “show room” serão demonstrados produtos da área de fabricantes de equipamentos, de prestação de serviços e de matéria prima. Com estes focos principais, pouco pode ser modificado anualmente.
RP: O número de trabalhos e participantes tem sido estável de uma edição para outra?
LS: Os trabalhos têm aumentado ano após ano, já o número de participantes oscilou, com uma pequena queda quando se optou em realizar a conferência fora de Porto Alegre. É muito importante que as indústrias brasileiras se motivem a cada vez mais contribuir com suas experiências de forma que, em conjunto, todas possam se beneficiar para enfrentar a competição internacional.
RP: Quais são as previsões em números?
LS: Teremos aproximadamente, 350 participantes, 30 trabalhos, 70 empresas, 80 universidades, entre outros. Não podemos deixar de comentar a fundamental importância do apoio fi nanceiro que anualmente temos recebido do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – pertencente ao Ministério de Ciência e Tecnologia/MCT). E de forma semelhante, o apoio financeiro da CAPES (Coordenação de Pessoal do Ensino Superior, pertencente ao Ministério da Educação e Cultura/MEC).
RP: Existe desejo ou ação para ampliar este evento ou realizá-lo em outros locais do País? Fale sobre os planos futuros.
LS: Constantemente somos solicitados a realizar o evento em outros locais; e é forte a pressão das indústrias de São Paulo. O que dificulta esta ação são os aspectos de logística. A equipe operacional precisa ser deslocada, o que aumenta, e muito, os custos.
RP: Como os interessados que ainda não conhecem ou não participaram do Senafor, podem obter informações para inscrições?
LS: Atualmente, o principal contato e o conhecimento do programa preliminar é através do site do Laboratório de Transformação Mecânica (LdTM) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS: www.ufrgs.br/ldtm.
Entretanto, a Fundação Luiz Englert, a organizadora do evento, deve em breve possuir um site específico para atender as questões das inscrições e divulgação do programa definitivo. |