EDITORIAL
O que pode ter em comum a bomba de nêutrons, vidraças quebradas e a Ivete Sangalo?
Sobre as recentes quebradeiras de vidraças nos protestos pelo Brasil, obviamente ninguém (ou quase ninguém) em sã consciência apoiaria plenamente atos de vandalismo. Porém, será que sem esses excessos as coisas teriam andado?
Por volta de 1976 o presidente dos EUA, Jimmy Carter, autorizou a construção da bomba de nêutrons, um “mimo bélico” que destrói os organismos vivos, mantendo outros materiais intactos, como automóveis, pontes, além de construções e suas vidraças. Então, o uso da bomba de nêutrons é ato vandalismo, assim como corrupção também o é, já que ambas destroem sem quebrar. Através da corrupção se desviam recursos destinados para compras de vidros, que é um “vandalismo sem estilhaços”.
A verdadeira moral não está naquilo que pensamos ou falamos, mas naquilo que fazemos. Veja o exemplo da cantora Ivete Sangalo, que aceitou, recentemente, receber R$ 650 mil para fazer um show inaugural de um hospital público no Ceará. Ainda mais imoral que o governador gastar o dinheiro que não é dele, foi o aceite da cantora. Isso aí é vandalismo puro, ainda mais com a carência generalizada na saúde. E é essa mesma gente que fala na TV se dizendo bem intencionada com a sociedade, apoiam Copa do Mundo etc.
Só para não ficar sem falar de parafusos, recebemos recentemente um comunicado à imprensa, vindo dos organizadores da Taiwan International Fastener Show 2014 (feira de fixadores da cidade de Kaohsiung, prevista para abril próximo). No texto, eles citam que dois dias antes deste evento acontecerá na cidade de Taipei, há 345 km, a AMPA 2014, feira de autopeças, e que ela poderá ser visitada “confortavelmente usando o High Speed Rail” (trem-bala). Comparando, Taiwan tem um território quatro vezes menor que o Ceará, e já tem esse modal de transporte, sem a Copa e sem a Ivete.
É isso aí Brasil, a chapa está esquentando, “sai do chão, sai do chão”.
News: a partir desta edição, além de nossos colegas da Europa e Ásia, teremosa coluna de Mike McNulty, da Fastener Technology International, com notícias “Made In USA”.
Boa leitura!
Sérgio Milatias
milatias@revistadoparafuso.com.br |