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Mulheres na liderança: a fabricante de porcas Omke mostra seu potencial industrial
Greta e Marta Felletti lideram indústria de produtos automotivos e se consolidam no mercado de duas rodas
Uma mulher pode fazer toda a diferença em uma empresa. Ainda mais se for exercer um cargo de direção ou se tornar membro de um conselho administrativo. É isso que afirma um estudo divulgado, em agosto de 2012, pelo Research Institute, centro de pesquisa do banco Credit Suisse. De acordo com a pesquisa, companhias que mantiveram uma ou mais mulheres em seus conselhos cresceram, em média, 14% nos últimos seis anos. Já as empresas sem mulheres cresceram somente 10%.
Em setores de tecnologia e indústria, por exemplo, o número de companhias que possuem conselhos mistos (homens e mulheres) é ainda mais restrito e resultam em menos de 50%. A conclusão é que empresas com maior representação feminina em seu painel de diretores têm melhores resultados, e o mercado constata diariamente que este conceito está em franco crescimento.
A Omke, dirigida pelas administradoras Greta e Marta Felletti, é um exemplo desse cenário. Filhas de Alberto Felletti, imigrante italiano que trabalhou no segmento metalúrgico por mais de 40 anos, aprenderam tudo sobre o ramo com o pai e decidiram fundar a própria empresa. “Tudo começou quando nosso pai se tornou sócio-fundador de uma empresa de fixadores, porcas, espaçadores, buchas e produtos similares. A empresa cresceu e conquistou grandes clientes. Porém, quando a sociedade acabou, nós entramos para ajudá-lo. Por ele ser ntão apaixonado pelo trabalho, pegamos gosto. Ele foi o nosso mentor e até hoje nós sentimos muito com o seu falecimento. Por isso, pretendemos continuar a atividade que nos deixou”, explica Greta Felletti.
Pai, mentor e metalúrgico
Alberto Felletti chegou ao Brasil como quase todo imigrante europeu: vindo de um país devastado pela 2ª Guerra Mundial, com uma situação financeira muito crítica. Desembarcou aqui em 1954 e enfrentou dificuldade para achar uma profissão. Trabalhou como vendedor da Enciclopédia Barsa e Mirador, ourives, mecânico soldador e vendedor da antiga Lassen, fabricante de porcas, onde despertou sua paixão pelo ramo metalúrgico, dando início à sua verdadeira vocação. Em 77, juntamente com mais dois sócios, comprou a empresa Lopsa, fabricante de torneados em geral e usinados de precisão, e ficou a frente dos negócios até 94. Em 2004, foi o idealizador da Omke juntamente com suas filhas, e veio a falecer cinco anos depois.
Para montar a empresa, fundada em 2004, as diretoras contam que foi feita uma análise numerológica para a composição do nome – um dos primeiros toques femininos que diferenciam a Omke. “Pela numerologia, Om é o primeiro som do mundo e as letras K e E significam coisas que são especiais. Ou seja, consiste em tudo o que é diferente e especial. É a nossa essência”, afirma Marta. Mesmo com experiência na área e força de vontade, muitos não apostaram no desenvolvimento da empresa pelo fato de ser comandada por duas jovens mulheres. “Eu e Marta tínhamos na época 27 e 22 anos, respectivamente. Acreditaram que não íamos dar conta, que fôssemos vender a empresa. E provamos exatamente o contrário. Isso foi uma grande conquista para nós”, declara Greta.
A empresa se concentra na produção de porcas quadradas, sextavadas e cilíndricas. Paralelamente, também trabalham com buchas, espaçadores e projetos especiais sob medida – uma das suas especialidades. Chegam a fornecer cerca de 12 milhões de peças por mês, produzidas em materiais como aço e latão. Possui engenharia especializada, laboratório de qualidade e ferramentaria própria, a fim de desenvolver qualquer peça que o cliente precise. Conta com uma planta de 2.800 m², conformadoras a frio de 4 a 6 estágios, 12 estampadeiras, 20 rosqueadores, 10 tornos e um CNC. Dos 60 funcionários da Omke, 35% são mulheres. “Privilegiamos contratar as mulheres da área. Inclusive, estou procurando por uma engenheira neste momento”, brinca Greta.
Localizada hoje em Guarulhos, cidade de São Paulo, seu principal ramo de atuação é o mercado duas rodas, que representa 60% do faturamento da empresa. A Yamaha é um dos seus clientes há mais de 15 anos. Mas também fornecem para empresas como a Böllhoff, KS Chapelins, Keiper, Lopsa, entre outras, abrangendo outros segmentos como automobilístico, linha branca, eletroeletrônico, construção civil, autopeças e sub montadoras, que completam os 40% restantes. Além de ter mudado de uma planta de mil metros quadrados na Vila Maria para os quase 3 mil atuais, as diretoras ressaltam que também fazem parte das conquistas o fortalecimento do nome no mercado, a ampliação da sua cartela de clientes e o processo de implantação da ISO TS. “Hoje, a Omke já é bem conceituada no setor de fixação. Mesmo assim, estamos investindo forte em trabalho de marketing para ter mais visibilidade no mercado e fornecer para mais clientes”, enfatiza Marta.
Mesmo com o mercado mais competitivo por conta da entrada de produtos chineses, a empresa não se abala com a presença deles. “Superamos em qualidade. Nosso produto é 100% nacional e nada é entregue sem passar por seleção. Inclusive, exportamos para dois clientes na Argentina. Ainda com a presença dos importados, registramos um aumento de 20% em 2012 em relação ao ano anterior”.
Como metas para 2013, Greta e Marta contam que uma mudança para outra planta maior está sendo estudada – prevista para o meio do ano - e que farão investimentos no maquinário, reformularão o setor de tamboriamento e irão adquirir seladoras automáticas. “A assistência técnica também é um grande fator apontado por nossos clientes. Aqui, não temos política de quantidade para a troca. Se uma peça está danificada, trocamos. Não importa a quantidade. Melhoria contínua e qualidade são os nossos diferenciais e apostamos nisso”, finalizam. |