CASE
Spartacus Parafusos – 50 anos
Empresa comemora meio século de tradição em fabricação de pregos, parafusos e demais elementos para fixação
Espártaco, do latim Spartacus, foi um gladiador de origem trácia, líder da célebre revolta de escravos na Roma Antiga, popularmente conhecida como “Guerra dos Gladiadores”. Por ter desertado de uma tropa auxiliar do exército romano, foi capturado e reduzido à escravidão. Devido à sua força física, foi comprado por um mercador e levado para a escola de gladiadores de Cápua, na Itália. Espártaco liderou então, durante a revolta, um exército rebelde que contou com quase 100 mil ex-escravos.
Apesar de ser uma história antiga e memorável,ela ilustra bem a realidade da empresa Spartacus, Case desta edição. Criada em 1962, passou por três direções distintas até hoje. Trabalhou com garra em todas as etapas e se tornou uma empresa tradicional na produção e vendas de elementos para fixação. Um dos primeiros produtosa serem produzidos foram as tachas e, mais tarde, diversos tipos de pregos. Assim se manteve por muitos anos. Em 1985, uma nova direção a assumiu e começou a fabricação de outros produtos. Além dos pregos, vários tipos de grampos fixadores e depois parafusos que levaram a marca “SPAR”. Porém, assim como a história de Espártaco, o conto da conquista desses 50 anos se alterna com a biografia de um dos seus guerreiros, Vanderlei Senhorini, que está no comando da empresa hoje.
História - Diretor
Senhorini praticamente nasceu dentro do segmento de parafuso. Começou seu primeiro emprego como office boy da fabricante San Siro Parafusos, localizadana Rua Florêncio de Abreu – centro de SãoPaulo. Aos poucos, foi se aprofundando para entender sobre o parafuso. “Quando me interessei pelo tema, aprendi muita coisa. Tanto que fui promovido para o departamento de vendas, chegando a fazer orçamentos e captação de clientes. Foi uma verdadeira escola, pois tive contato com muitos especialistas e profissionais da área”, comenta o diretor. Quando completou 19 anos, foi indicado para trabalhar em outra empresa, na qual foi admitido para gerenciar o departamentode vendas externas. “Meu interesse e dedicação eram tantos que, em questão de dois anos, quadrupliquei meu salário. Era o funcionário mais novo a chegar neste patamar”, explica. Após alguns meses, mudou novamente de empresa para um cargo superior, que lhe permitiu alcançar o cargo de coordenador de vendas com apenas 20 anos. “Em paralelo a isso, cursei o técnico em mecânica na escola técnica federal de SãoPaulo, que me uma base muito grande para o entendimento e atuação na área em que estava”.
Ao trabalhar com a parte de vendas externas que Senhorini começou a atender a região de São Bernardo do Campo, SP, fazendo demonstrações, levando equipamentos e mantendo contato com clientes. E foi aí que decidiu alçar voos maiores. Arriscou começar uma empresa com um sócio, de manutenção para equipamentos, mas depois decidiu trabalhar sozinho. “Tinha muitos clientes, uma grande carteira de contatos. Comecei comprando prego para revender, montei umas máquinas em casa mesmo e produzia algumas coisas ali. Entregava os produtos de porta em porta com o meu Fusca. Por isso, tenho um carinho muito grande por São Bernardo, pois me deram muitas oportunidades para crescer. Esta situação se deu até quando um amigo me informou que a Spartacus estava à venda e decidi ir atrás”, lembra o diretor ao lado dos seus dois coordenadores de vendas hoje, Silvestre, Luna e Catiane Oliveira. Foi guardando e juntando economias que, em 23 de maio de 1985, Senhorini conseguiu assumir a fábrica.
Empresa
Fundada em 1962 pelo espanhol Diego Gimenez Moreno, o seu forte na época era a produção de tachas e pregos. Quando Senhorini tomou a direção, a divisão de tachas não existia mais. “Como assumi a empresa sem nenhum material, hipotequei a casa da minha mãe para abrir um crédito. Foi um risco, mas minha família sempre confiou muito em mim”. Com a nova gestão, a Spartacus mudou de São Bernardo do Campo para o Parque Industrial Itaquaquecetuba - SP, em 1988, onde se localiza até hoje. Em paralelo, montou uma loja – a Sparfuso- em Santo André , devido a grande clientela da região, e colocou toda a linha de pregos e, posteriormente, a deparafusos para venda.
Sua produção de parafusos começou em 1995, complementando a já existente linha de pregos e grampos fixadores. “O parafuso resultava algo em torno de 14 a 20% de margem de lucro na época. O prego já não tinha uma margem tão grande. Fomos investindo, melhorando equipamentos, montamos uma boa equipe de profissionais e estruturamos a fabrica. Chegamos a fabricar 300 toneladas por mês”, explica o atual diretor.
Hoje, com a forte influência de produtos oriundos da China, os negócios foram bastante afetados – realidade para a maioria das indústrias brasileiras. A Spartacus fabrica cerca de 50 toneladas por mês de produtos totais, fechando o faturamento com cerca de R$ 6 milhões por ano, segundo dados de 2011. Possui uma área de quatro mil m² construída, 20 colaboradores, cerca de 40 prensas de dois estágios, 10 de quatro estágios e ferramental próprio. Devido a grande variedade de tipos de parafusos fabricados, possui uma linha ampla em aço, latão, cobre e aço inox para atender os clientes. Entre eles, podemos citar: parafusos autoatarrachantes, rosca máquina, sextavado, francês, pesados, especiais, porcas, arruelas, rebites e pregos, que abastecem os setores de movelaria, construção civil e também automotivo.
Para os próximos anos, Senhorini prevê: “A China está entrando agora em setores mais específicos, como o automotivo, fabricando e exportando muitos produtos. Por isso, começamos a desenvolver parafusos e pregos especiais e estamos seguindo nesse caminho.Tem dado certo. Soma-se a isso o nosso diferencial, que é, sem dúvida, o atendimento ao cliente e uma equipe comprometida e preparada, e conseguiremos continuar neste cenário competitivo”.
Mercado
Citadas por Senhorini, uma das vertentes possíveis de trabalhar é a importação, onde se pode obter uma faixa de lucro de 10 a 15% ainda – segundo pesquisa baseada no parafuso inox. Porém, alguns custos como alfândega e armazenagem encareceram os produtos e não permitem competir com os demais. “Não são eles [China] que estão errados, a nossa carga tributária que não comporta que lutemos de igual para igual. Nosso problema maior é o imposto, onde perdemos mais e não conseguimos competir. Principalmente na linha para móveis, que é muito importada de lá. E isso ocorre não só no nosso segmento, mas em qualquer outro”, explica.
Apesar do benefício monetário, o produto chinês possui uma desvantagem: não oferece assistência técnica. E é assim que a Spartacus ataca o mercado, investindo no pós-venda e fazendo a diferença. “Somos um dos poucos fabricantes de pregos que resistiram. Começamos a nos especializar em tudo o que ninguém fazia. Então, acabamos criando um leque de produtos tão grande que paraalguém investir nisso fica inviável”, finaliza.
Atualmente, a Spartacus se mantém numa posição privilegiada entre os fabricantes de parafusos e pregos, continua se expandindo e se desempenhando cada vez mais, para manter o padrão de atendimento e qualidade, afim de alcançar seu objetivo: a satisfação plena de todos seus clientes e colaboradores. |