ARTIGOS
O apagão da mão de obra
O Brasil é um gigante de múltiplas carências na formação de profissionais para as indústrias
Nunca antes neste País, houve alguém preocupado com a formação técnica em nível médio, muito menos universitário, gerando capacitação prática com mão de obra qualificada nas atividades produtivas, além das indústrias mecânicas, metalúrgicas e outros ramos.
Estamos desfocados e piorando a olhos vistos nos últimos anos, sem atitudes e ações efetivas na educação e formação de profissional generalizada. Os países emergentes não deveriam ignorar a formação prática e educacional de seu povo, muito menos a saúde pública e segurança.
Agimos prioritariamente para “ter” em vez de “saber”. A “Lei de Gerson” imperando.
Há muito tempo não temos políticas industriais consistentes. Não existem programas educacionais de formação de mão de obra na maioria do território nacional. Não existem programas de incentivos que garantam o equilíbrio emocional e funcional dos estudantes, objetivando sua sustentabilidade e tendo foco na simulação dos conhecimentos confirmando resultados obtidos após sua aplicação efetiva na sociedade e vida real.
A grande maioria das teses e pesquisas acadêmicas não tem aplicação e utilização imediata na sociedade e muito menos nas pequenas e médias empresas, que necessitam constantemente de tecnologias atualizadas e comprovação de soluções práticas dos problemas e dificuldades do dia a dia.
Escola vs. Empresa
- Precisamos de professores qualificados, reciclados e atualizados nas matérias que irão ministrar e que sejam atuantes e exerçam seu trabalho já na área, para poder ensinar também a prática, capacitando os alunos para a vida funcional;
- Nossas escolas e universidades precisam ter um “balcão de negócios” para atender a sociedade, resolvendo os problemas que as pequenas e médias empresas apresentam, com prazos e resultados garantidos;
A Integração Escola vs. Empresa só poderá trazer efetivos resultados se houver sinergia entre diretoria, docentes e monitores que demonstrem real interesse e domínio pela profissão e que já tenham comprovado um equilíbrio emocional e funcional, evitando evasão de testes e mudanças de área constantes.
Igualmente, as empresas precisam participar ativamente nos programas de formação de mão de obra, ajudando na preparação das grades atualizadas, dizendo o que precisam e cobrando as necessidades de resultados práticos dos cursos técnicos e universitários, informando quais profissionais vão precisar no futuro.
Ainda não aprendemos a copiar dos países emergentes em suas experiências educacionais e pesquisas de apoio à tecnologias em todos os segmentos da sociedade moderna, como se faz na Coréia, China, Índia que dão muito valor aos resultados na educação e formação técnica de seus jovens, que deverão aplicar e utilizar imediatamente tudo que é ensinado no dia a dia, com foco restrito nas funções profissionais. Maior participação das empresas, docentes e alunos nas soluções necessárias solicitadas pela sociedade devem ser privilegiadas imediatamente.
As formações de técnicos e profissionais na prática já deveriam começar no nível da escola técnica profissionalizante, utilizando-se as necessidades das empresas de médio e pequeno porte, para poderem aumentar sua competitividade e participação no mercado globalizado de forma intensiva e obrigatória.
Fundamental se faz atender indústrias em suas necessidades operacionais, formando elementos que possam tocar e solucionar as seguintes questões em nossas forjarias, sirva-se como exemplo: indústrias de autopeças, parafusos, segmentos do ramo mecânico e metalúrgico.
Cursos para formação de técnicos que não dispomos:
- Laboratório metalúrgico, teoria e prática
- Fabricação/manutenção de bobinas de indução
- Ferramentaria em fabricação e montagem de componentes, preparação de ferramentas
- Solda em ferramentação e manutenção de estampos
- Tratamento térmico em ferramentas e produtos diversos
- Lubrificação e galvanoplastia em geral, tanto teórico como prático
- Forjamento à frio, morno e/ou quente
- Software / simulação e conformação de processos
- Custos, com ênfase em processos modernos, polivalentes, teórico e prático em chão de fábrica
- Segurança do trabalho, voltados às mudanças culturais com planejamento amplo diversos
- Preparação de ferramentas (Set-Up) em prensas e máquinas diversas para atender a produtividade crescente
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As Chefias estão preparadas para as funções?
De nada adianta pensarmos em níveis gerenciais que não tenham obrigatoriamente os conhecimentos técnicos e práticos mínimos para poder ministrar ou gerenciar outros profissionais formados com conhecimentos operacionais. Profundos requisitos para o desenvolvimento eficiente da função, para orientar outros temos que estar preparados e qualificados com muita experiência anterior.
Os professores estão preparados e qualificados para suas funções? Foram aprovados em exames evidênciais?
• Necessidade de formação de professores com domínio prático em assuntos técnicos, acima citados, a serem qualificados para ministrar tanto teoria quanto prática;
• Apostilas, livros e boletins técnicos muito didáticos e bem detalhados, que atualmente não existem, e os que têm não são utilizados de acordo;
• Benchmarking em processos disponíveis em empresas nacionais e internacionais na formação de seus técnicos é raro;
• Evitar rotatividade e evasão de profissionais de uma área para outra e nossa marca de oportunistas sem formação;
• Levantamento de escolas técnicas e cursos ligados às forjarias, metalúrgicas que evidenciem qualidade de aprendizagem, não estão disponíveis em teorias e prática.
• Levantamento de escolas técnicas em tratamentos térmicos;
• Criação de instituto de conformação em processos e try-out, com apresentação de toda sequência de desenvolvimento;
• Falta criação de grupo de trabalho permanente de educadores formadores de mão de obra qualifi cada no setor de forjarias, indústrias de parafusos, porcas, peças similares e indústrias mecânicas de peças não existem;
• Criação de um blog mostrando e orientando os interessados sobre o tema de formação efetiva de pessoal qualificado e capacitado na área de conformação, forjarias etc;
• Aproveitamento de aposentados experientes nos diversos setores para atuar como monitores e multiplicadores;
• Políticas de garantia de permanência de profissionais nas funções das indústrias de sua especialidade;
• Políticas para conter evasão de profissionais para outros setores e áreas, evitando-se a rotatividade de mão de obra para fora do ramo da formação profi ssional e perda de conhecimentos;
• Políticas que visam aumentar o comportamento profissional com maior dedicação e pesquisas no ramo funcional, evitando desperdícios culturais e conhecimentos já adquiridos e ensinados anteriormente.
Existe a cultura nacional do aproveitamento de oportunidades ocasionais “quem paga mais e dá vantagens imediatas” (“Lei de Gerson”). “Não se desenvolvem pessoas”.
Nos países emergentes, de sucesso, não há aproveitamento de oportunismos de mercado pontuais, não se geram bons profissionais qualificados com profundidade se não houver equilíbrio emocional com a funcionalidade e resultados econômicos satisfatórios para todas as partes envolvidas.
As indústrias não podem viver sendo penalizadas em detrimento a outras atividades empresariais. Se quisermos um verdadeiro progresso sustentável, precisamos dar condições satisfatórias para toda a cadeia produtiva de forma igualitária.
Evitar obsessão dos políticos no aumento dos poderes partidários e tributários sem sufocar empreendedores em sua maturação de projetos que necessitam ter mão de obra qualificada e estável.
Sugestão prática de formação de mão de obra
Começa na seleção e identificação das habilidades pessoais e interesse dos jovens adolescentes no seu desenvolvimento profissional. Somente após ser conhecida a estabilidade dos jovens e das pessoas que sabem verdadeiramente o que querem fazer na vida profissional é que se deve iniciar um processo de aprendizagem programada.
Ensino fundamental e médio
O primeiro passo é detectar no ensino fundamental e no curso médio genérico as habilidades a serem desenvolvidas.
Curso técnico profissionalizante
A nosso ver, a segunda grande iniciativa deve ser na escolha de um curso técnico profissionalizante na área identificada, mas que tenha práticas intensivas das matérias lecionadas. Assim, o jovem já poderá ter uma iniciação de uma profissão ainda na juventude, em uma determinada área.
Curso de Graduação
O curso universitário deveria ser obrigatoriamente na graduação da mesma área do curso profissionalizante, igualmente com práticas intensivas nas habilidades desde o primeiro ano letivo. Não se aprende quase nada em estágios para cumprir tabelas de atividades complementares que não geram profundidade de conhecimentos e aplicação prática.
Período de maturação de conhecimento
Existe um período de mais de seis anos em que todos os graduados deveriam por em prática sua formação de graduação e complementar com conhecimentos localizados e pontuais para seu aperfeiçoamento profissional. Reciclagens de conhecimentos necessários nas funções.
Curso de Pós-Graduação
Só após esta vivência prática do cotidiano, e seu crescimento profissional na área da graduação, deveria este profissional cursar uma pós-graduação na mesma área, para assim aprender a dar soluções nas indústrias e para a sociedade, tirando suas dúvidas durante esta vivência e se capacitando para coordenar outros técnicos operacionais. O importante é manter este objetivo e não se deixar seduzir por falsas oportunidades e mudanças para outras áreas de trabalho motivadas pela atratividade momentânea do mercado e vantagens econômicas pontuais que não completam conhecimentos.
Na “esperança” de que demos um novo direcionamento condizente com a nossa realidade, agradecemos pela sua atenção.
Hans Kittler é diretor da Esperança Forjados de Precisão
diretoria@rodafuso.com.br
Este artigo faz parte de sua apresentação durante
o Senafor 2011, em parceria com engenheiro
Paulo Regner.
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