EDITORIAL
A culpa é do sofá
Em 1994, o técnico da seleção brasileira de futebol Carlos Alberto Parreira disse: “Evitar que pessoas falem bobagens é como tentar segurar água com as mãos”. Neste período, se alguém no elenco brasileiro escorregasse em uma casca de banana a culpa era imediatamente atribuída ao treinador. No futebol sempre foi assim. Faz parte do show.
Hoje, quando alguma dá errado na indústria brasileira, como escorregar na casca de banana, a culpa é das importações do mercado asiático.
Quando descobre-se a existência de alguma prática ilegal, como destacou nosso entrevistado, Domingos Mosca, como importações irregulares ou dumping, rigor neles, seja sua origem asiática, europeia, norte-americana etc. Em contraste com o “a culpa é dos outros”, em janeiro último, a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro - Firjan - divulgou um estudo comparando o preço médio (convertido em Real) pela energia elétrica em alguns países (conforme tabela).
Mais uma vez fica claro que a desvantagens nos preços nascem aqui.
Em outro exemplo, recentemente publicado no jornal Folha de S. Paulo, um colunista apontava comparativos no preço de um fogão, fabricado no Brasil em 2003, no valor aproximado de R$ 300. Neste período, o similar feito nos EUA custava US$ 100. Com o câmbio deste ano dava para equilibrar a briga.
Segundo o autor, com a inflação até 2011, este fogão custava cerca de R$ 590, e o americano US$ 122. Mesmo que o câmbio ainda fosse equivalente ao de 2003, nosso fogão estaria uns R$ 200 mais caro.
Tudo isso lembra a piada sobre o sujeito que, ao chegar em casa, encontra a esposa com o amante no sofá. Traído e indignado, ele manda trocar o sofá.
100 anos de Von Braum - Março é o mês do centenário do nascimento de Werner Von Braum, cientista alemão. Visionário, Braum foi um dos principais nomes da chegada do homem à lua, onde a fixação, certamente, foi decisiva.
100 anos de Jonh Cage - Neste ano também se comemora o centenário de um renomado músico e compositor do século XX que, apesar de muitos não conhecerem, criou diversas obras para piano a partir da inserção de parafusos entre suas cordas, atribuindo ao instrumento clássico um som peculiar, em matéria que você poderá conferir nesta edição.
Boa leitura!
Sérgio Milatias
mailto:milatias@revistadoparafuso.com.br
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