Os impactos da inovação tecnológica
Uma significativa parcela das empresas brasileiras reconhece que a inovação é fundamental para sustentar uma vantagem competitiva neste mercado que vive em acelerada transformação. Porém, é bem restrito o número de companhias que efetivamente trabalham pela inovação
Ronald Carreteiro
A tecnologia é parte integrante das atividades de rotina de qualquer empresa saudável. É possível identificar a tecnologia embutida nos produtos e serviços, nos processos de fabricação e no controle dos processos, diferenciando-se tecnologia (conhecimento) de um sistema técnico (métodos utilizados para se obter resultado esperado). Toda nova tecnologia promove mudanças no ambiente de tarefas de uma empresa, e, portanto, é importante avaliar estes impactos e a abrangência de seus efeitos. As inovações podem ser radicais ou incrementais, e os conflitos são possíveis de serem mensurados, sob a ótica dos processos, dos procedimentos, do mercado e do retorno financeiro.
A informática foi um elemento que introduziu de forma acelerada aspectos diferenciados entre as maneiras tradicionais de se realizar tarefas, sendo assim, trata-se de tecnologias de informação que trazem vantagens que devem ser analisadas. Outro conceito relevante é o de serviço, que se define como toda atividade econômica cujo resultado não é um bem físico, onde o valor adicionado é intangível para o consumidor.
A relação entre a tecnologia e a empresa ocorre em três níveis:
a) No de pessoas – habilidades, descrição de tarefas, aprendizagem, resistências, saúde ocupacional e segurança;
b) No de grupo de indivíduos – interação, harmonização, natureza das tarefas, desempenho e resistências;
c) No da empresa – produtividade, produção de bens e serviços, logística, pós-vendas e processos de gestão.
As mudanças tecnológicas desestruturam todos estes níveis, com maior ou menor intensidade, em função do porte da corporação, provocando alterações no sistema operacional de qualquer firma. Desta maneira, a importância da capacitação tecnológica da empresa emerge, em função da necessidade imperiosa dela se adaptar de forma sistêmica e continuada aos impactos e as mudanças, que são permanentes. Então, como as empresas de serviços devem focar as inovações tecnológicas?
a) É preciso, primeiramente, ousar, ou diria antes, superar o medo de ousar;
b) O sucesso de um negócio está relacionado à capacidade do empreendedor de buscar o diferente, a vantagem competitiva;
c) É preciso estar aberto para o inesperado;
d) É preciso saber reconhecer uma descoberta ou uma oportunidade, quando você estiver defronte com ela.
Alguns executivos e empresários confundem criatividade com inovação. São coisas distintas, entretanto, dependentes. “Criatividade é pensar algo novo. Inovação é fazer algo novo”. A inovação é fruto da criatividade. A criatividade é o meio, e não o produto. Ou seja, é necessário que se tenha um raciocínio criativo para se produzir ideias novas que vão gerar casos novos. Inovar é gerar alternativas melhores para velhas soluções ou alternativas novas para resolver novos e velhos problemas. Fazer diferente pode fazer a diferença entre liderar ou correr atrás do líder. Para fazer a diferença é preciso pensar e ousar diferente. Um novo olhar exige uma percepção ampliada e um raciocínio divergente, um “estar insatisfeito” e um questionamento permanente. As boas ideias nascem de perguntas. A inovação surge quando acreditamos que tudo pode ser melhorado.
Algumas consequências devem ser observadas pelas empresas prestadoras de serviços, notadamente: quadro de pessoal, novos critérios de seleção, surgimento de novos serviços, surgimento de novas oportunidades e melhores condições de atendimento ao cliente. Quanto ao quadro de pessoal, a tendência é pela redução do quadro, eliminação de níveis funcionais e ampliação de tarefas para as pessoas. Quanto aos novos critérios de seleção, a experiência voltou a ser dominante e a familiaridade com inovações tecnológicas e tecnologias. Outra consequência foi o surgimento de novos serviços, não imaginados anteriormente, assim como a oferta de novas ferramentas colocadas à disposição dos clientes. De forma geral, os impactos de introdução de inovações nas empresas prestadoras de serviços podem ser estruturados em três grupos:
a) Os que interferem no trabalho e na forma de realizá-lo;
b) Os que interferem nos aspectos estruturantes da empresa;
c) Os que interferem nos aspectos psicológicos das pessoas.
A relação mais abrangente é de natureza estratégica. A competência estratégica instalada na empresas influencia as estratégias de marketing e de vendas, interferindo na estrutura operacional e organizacional da empresa.
Ronald Carreteiro – engenheiro e mestre em administração de negócios é membro do Conselho de Tecnologia da Firjan, é ex-diretor de gás natural e alternativos energéticos da Petrobras Distribuidora AS. É autor do Livro Inovação Tecnológica, pela Editora LTC.
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