A arte dos parafusos, por Cláudio Tozzi
Fixadores são tema de obras de Cláudio Tozzi, reproduzidos em quadros e esculturas. Conheça um ouco do trabalho deste artista plastico paulistano
Na década de 60, quando iniciou seu trabalho como artista plástico, Claudio Tozzi retratava os aconteciments da época, como manisfetações, Che Guevara, astronautas... Com a opressão cultural, nos anos 70, o pintor escultor passou a documentar este tema e , pela primeira vez, utilizou um parafuso como inspiração. Tozzi pintou um quadro no qual um parafuso aparecia “apertando” um cérebro, simbolicamente o fechamento do pensamento brasileiro, o limite à criatividade (1971). A partir daí,os fixadores passaram a ser uma constante nas obras do artista, de forma mais elaborada, trabalhando elementos metafóricos e mais sutis. Em suas criações, o parafuso remete a um processo de reflexão sobre o significado de suas variações.
Em outra fase, Tozzi realiza uma série de obras referentes á arqitetura e construção, nas quais aparecem novos aspectos, como amatéria, a textura, o recorte e a volumetria. Em algumas pinturas, ele funde a imagem do parafuso com escadas. O artista também utilizou a peça como moldes para esculturas em fibras de vidro em escalas maiores, outros foram transformados em pequenos objetos. “O parafuso é um belo elemento plástico, então comecei a estudar os tipos existentes e estilizar peças”, afirma Tozzi.
No início do ano 2000, as obras passaram para um outro estilo, quadros monocromáticos, ainda mais elaborados. “O parafuso foi fragmentado e aparecem peças fundidas.” Para Tozzi além da beleza, os fixadores podem ter inúmeros sentidos. “Acredito que a imagem do parafuso faz as pessoas pensarem no significado e cada uma pode ter opinião diferente, como o conceito de unir e desunir. Um parafuso e uma porca, por exemplo, podem representar uma união.” Tozzi afirma que os trabalhos mais procurados são aqueles feitos na década de 70, por retratarem uma época marcante de nossa história. O artista tem dois livros editados com sua biografia e suas obras: “Cláudio Tozzi – Coleção Artistas Brasileiros”, da EDUSP e “Cláudio Tozzi, Portfólio”, da editora J.J Carol.
Perfil
Cláudio Tozzi nasceu em São Paulo (SP), em 1944, onde vive até hoje. Estudou no Colégio de Aplicação da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP (Universidade de São Paulo), de 1956 a 1962, e na faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, de 1964 a 1969, onde trabalha como professor. Entre as exposições coletivas das quais participou estão “Jovem Arte Contemporânea”, no museu de Arte Contemporânea da USP; “Panorama da Arte Brasileira”, no Museu de Arte Moderna de São Paulo, e Bienais de São Paulo, Veneza (Itália), Paris (França), Medelin (Colômbia), Havana (Cuba) e Makurazaki (Japão). Realizou exposições individuais no Museu da Casa Brasileira, em São Paulo; Museu de Arte Moderna, no Rio de Janeiro (RJ); Museu Andrade Muricy, em Curitiba (PR); Museu de Arte Moderna de Londrina (PR). Fez exposição-tese de doutorado no Museu Brasileiro de Escultura pela FAU/USP.
Tozzi também recebeu vários prêmios, entre eles “Prêmio de Viagem ao Exterior”, no Salão Nacional. Venceu o concurso para criar um painel de 600 m2 em um edifício na avenida Angélica e um painel para a capela do Centro Universitário FIEO (Fundação Instituto de Ensino para Osasco). Realizou painéis em espaços públicos, como “Zebra”, na Praça da República, nas estações Sé e Barra Funda do Metrô, no Edifício 2222, localizado na avenida Dr. Arnaldo, no TRT (Tribunal Regional do Trabalho) Barra Funda e em uma grande área das avenidas 23 de Maio e dos Bandeirantes – todos na cidade de São Paulo.
Cláudio Tozzi
Telefone: (11) 3672-7135
Site: www.claudiotozzi.com.br |