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Entrevista
21/02/2022 02h23

Entrevista

Giorgio Donati, presidente da UPIVEB

Uma nova UPIVEB?

Por Marco Guerritore, Italian Fastener Magazine

Atualmente com 69 anos, Giorgio Donati se formou em Ciências Políticas visando seguir carreira diplomática. No entanto, suas escolhas profissionais o levaram para outro caminho, tornando-o um gestor de nível internacional, o que de certa forma, realizou seu desejo de visitar diferentes países.

Em seu primeiro emprego, na Carrelli Elevatori, do Grupo Fiat, ele iniciou sua experiência em gestão no mercado europeu, principalmente na Alemanha, França e Reino Unido. Quatorze anos depois já estava na Fontana, grupo industrial de fixadores, onde chegou ao posto de Diretor Comercial, até o seu desligamento.

Em março passado, Donati se tornou presidente UPIVEB, a associação do setor fabricante de fixadores na Itália. Nos mais de 29 anos de Fontana ele aprofundou complexos conhecimentos sobre o mercado global de fixadores, tornando-o muito conhecido e estimado internacionalmente, incluindo diversas estadias no Brasil, especialmente desde aquisição da indústria de fixadores Acument (antiga Mapri) pela Fontana.

Marco Gueritorre: Sua chegada marca o fim de uma tradição da UPIVEB, que passa de uma presidência de perfil empresarial para gerencial. Qual significado dessa mudança? Giorgio Donati:

Houve muita mudança na indústria italiana de fixadores nos últimos anos. Estabelecida pelos fundadores da UPIVEB, oriundos dessas indústrias de fixadores, o sistema empresarial mudou com a transição de gerações. Os grandes e, sobretudo, os médios e os pequenos fabricantes têm destacado a necessidade da renovação ou, melhor, de uma adaptação da associação às crescentes mudanças do mercado. Portanto, optar por uma figura gerencial, acima das partes foi uma escolha natural para garantir uma transição tranquila entre o sistema anterior e o novo.

Quais são, então, as prioridades na UPIVEB?

No âmbito nacional, a associação mudou ao longo do tempo na estrutura e na gestão. Nela, a presença e o peso das empresas de pequeno e médio porte aumetaram e, consequentemente, as expectativas também.

Já no âmbito internacional era necessário haver associações nacionais fortes e determinadas a encorajar a existência de uma associação empresarial europeia, igualmente poderosa e representativa. Isso levou a UPIVEB para uma maior integração em nível europeu. Isso, por sua vez, levou a uma série de mudanças organizacionais para a própria UPIVEB, e que resultaram em novas regras que regerão a associação nos próximos anos, regras essas formalizadas nos seus estatutos, recentemente adotados. Dessa forma, foi reconhecida a necessidade de dar mais voz aos associados. 

Foi tomada a decisão de mudar de uma lógica de produto para uma lógica de mercado. Foram criados comitês operacionais, como os comitês técnico, jurídico e de marketing, entre outros, e que trabalharão de acordo com os objetivos definidos pelo comitê da Presidência. Também se decidiu contratar um gestor para cuidar de todas suas operações. O programa operacional da UPIVEB também envolverá a expansão da base de associados, incluindo os membros de apoio, que estarão mais intimamente envolvidos nas atividades. Por último, serão intensificados os contatos com as instituições nacionais e internacionais, nomeadamente com os órgãos da União Europeia (UE).

Você acha que uma associação comercial ainda faz sentido em um mercado tão globalizado?

Num mercado altamente globalizado a necessidade de termos uma associação – não só nacional, mas também europeia – é muito mais forte hoje do que no passado, especialmente porque os interesses que nos confrontamos são altamente expressos por contrapartes estruturadas. Por maior que seja, não há empresa que possa, de alguma forma, defender sozinha seus interesses, o que me faz crer que associações ainda são essenciais.

De um modo geral, um dos problemas da UE é que os interesses europeus são frequentemente anulados pelos interesses nacionais.

Qual deve ser o papel de uma associação comercial na UE?

Isso dificulta o surgimento de questões de interesse comum com a força necessária, uma vez que não estão devidamente representadas. Por esta razão, as associações nacionais, ou mesmo as empresas individuais, tendem frequentemente a resolver seus problemas de uma perspectiva predominantemente nacional a nível europeu. Os tempos exigem que sejamos participantes ativos de uma mudança decisiva, que não podemos ignorar. A associação comercial europeia é o canal através do qual são veiculados os interesses nacionais, sendo o seu reforço uma condição *sine qua non para o efeito.

Portanto, não há contradição entre uma associação europeia forte e associações nacionais. Acho que ambas se movem em paralelo. Quanto mais forte uma, mais forte a outra. Logicamente, para que a estrutura europeia funcione de forma eficaz existe um custo a ser partilhado entre as associações nacionais e isso origina um problema financeiro. As associações nacionais devem considerar cuidadosamente esse aspecto.

Qual o efeito real da pandemia no setor de fixadores?

A pandemia gerou efeitos desastrosos na indústria de fixadores e em outras manufaturas. No começo a demanda colapsou, gerando um período de incerteza que ainda persiste. Mesmo a recuperação, que certamente já se arrasta há alguns meses, não está isenta de problemas. O aumento de preços em matérias-primas preocupa e, sobre isso, não dá para descartar a possibilidade de especulação.

Mas, creio que mesmo em nosso setor o desastre da Covid-19 evidenciou alguns aspectos positivos.

Em primeiro lugar, a nova forma de trabalhar, que nos levou a alteração de hábitos de trabalho, reduzindo o tempo de inatividade, tal como viagens as vezes desnecessárias. Descobrimos que muitos tipos de trabalho podem ser tão eficazes no escritório quanto em casa. Tais mudanças, sofridas inicialmente pelas empresas e seus colaboradores, agora precisam encontrar um marco legislativo que defina regras, numa perspectiva de longo prazo.

Em todo caso, creio que a lição mais importante a ser aprendida com este período terrível é que se realmente queremos seguir em frente, devemos evitar nos apoiar em hábitos estabelecidos que, como vimos, podem ser subitamente subvertidos pelo extraordinário. Devemos sempre questionar o sucesso alcançado, projetando nossas mentes e nosso trabalho para novos horizontes e desafios.

Em sua opinião, a tão desejada recuperação ocorrerá agora e quão forte será?

Como já aconteceu outras vezes, após crises severas, geralmente, a normalidade retorna, tanto que 2021 mostrou sinais claros de recuperação. No entanto, surgiram outros sinais negativos, como a escassez de matéria-prima, e não me refiro apenas ao aço, mas em toda a gama de itens necessários ao ciclo de produção. Um exemplo está no fornecimento de semicondutores, essenciais na produção automotiva, que teve diminuição considerável nesses últimos meses. É algo ainda causador de paralisações na produção, e com todas as consequências imagináveis na cadeia de abastecimento.

No entanto, creio que além das dificuldades contingentes, a recuperação é inequívoca. O interessante mesmo é notar, pela primeira vez em décadas, como a Itália lidera entre países que estão se recuperando economicamente após a retração de 2020, com a OCDE prevendo crescimento do seu PIB em 5,9%. 

Como você acha deve-se gerir, hoje, a competição estrangeira?

Não se deve e nem é possível controlar a concorrência estrangeira. O mercado se regula. Mas, precisamos operar em um contexto em que as regras sejam isonômicas. De acordo com as regras da OMC, penso que o sistema europeu deve garantir maior atenção às suas empresas para que elas possam operar em igualdade com a concorrência externa.

Na Europa, essa necessidade tem recebido cada vez mais atenção e, apesar de alguns “solavancos”, a adoção de medidas de defesa comercial contra a concorrência desleal tem uma base de apoio cada vez mais ampla. A concorrência externa, atuando em um mercado com regras justas, deve ser enfrentada com ofertas de produtos de alta qualidade, confi áveis e com preços competitivos. Os consumidores escolhem.

Não creio em alternativas de proteção, por exemplo, como desvalorização de moeda ou, ainda pior, em restrições e condicionantes às importações, como acontece em alguns países. Ao mesmo tempo, porém, não creio que seja aceitável transigir no que diz respeito ao combate às práticas de concorrência desleal.

Escassez de matéria-prima, preços de bens de capital subindo, difi culdades logísticas enormes e problemas com embalagens: o que pode fazer a respeito à UPIVEB?

Essas atividades, entre outras coisas, iriam contra as regras antitruste. Ao contrário, uma atividade de informação é essencial como uma chave para entender as tendências futuras do mercado.

Penso que uma das tarefas fundamentais da associação é atualizar rapidamente seus associados sobre as tendências do mercado, ou seja, fornecer-lhes informações que os apoie em decisões mais precisas, estimulando o debate entre empresas. Se estamos falando de lobby ou ações semelhantes com fornecedores na cadeia de abastecimento, essas atividades não estão incluídas na minha visão de associação.

Qual é o futuro da indústria de fixadores na Itália e no mundo?

Só posso responder a esta pergunta enfatizando as diferentes necessidades dos grandes grupos e das pequenas e médias empresas que compõem a nossa associação.

Nos últimos dez anos, as grandes empresas cresceram ainda mais por meio de investimentos maciços, fusões e grandes aquisições em nível internacional. Suas atividades têm se fortalecido nos cinco continentes com presença industrial direta, como a ampliação da gama de produtos e, sobretudo, uma maior presença local, alinhada com expectativas de demanda.

Outra questão é a das pequenas e médias empresas, que não dispõem de recursos humanos e financeiros suficientes e podem criar entre si a massa crítica necessária através de fórmulas de cooperação. Infelizmente, desse ponto de vista, acredito que a Itália está atrasada em relação a outros países. A questão talvez não tenha sido apresentada e tratada de forma adequada, por isso não foi encontrada resposta capaz de aproximar interesses específicos. No entanto, continuo a ser da opinião que a fórmula de cooperação é de interesse vital às pequenas e médias empresas.

Em suma, contínuo otimista com o futuro do nosso setor, especialmente das grandes empresas e, também, das pequenas e médias, se elas conseguirem superar certos individualismos que às vezes afetam seu crescimento.

Como vê o cenário dos fabricantes de fixadores do Brasil? O que te chamou a atenção em suas visitas?

Minha primeira visita ao Brasil remonta a 2011, quando como diretor comercial do Grupo Fontana visitei o país para fazer uma pesquisa de mercado. Em 2014, após uma aquisição industrial, muito importante no Brasil, comecei a voar várias vezes ao ano para este belo país. Fiquei muito impressionado com a cultura, com a comida e as pessoas.

Em 2015 participei da assembleia geral do Sinpa (associação local da indústria de fixadores) e tive a oportunidade de conhecer vários de seus empresários. Como na Europa, a indústria de fixadores ainda é, predominantemente, de controle familiar, com os seus proprietários e equipes emocionalmente envolvidos nas atividades e nos seus relacionamentos.

O Brasil passou por alguns problemas naquela época, especialmente no campo econômico, com inflação relativamente alta, um elemento que certamente não facilita um crescimento estável e contínuo. Nos últimos anos esses problemas pioraram ainda mais. A inflação se acelerou, a desvalorização da moeda nacional aumentou enormemente. A Covid contribuiu para um golpe adicional na população.

Tenho certeza de que atitudes positivas do seu povo e dos trabalhadores brasileiros os ajudará a superar este período difícil e impulsionará a recuperação do país no futuro. *Essencial

Giorgio Donati
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