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O mercado brasileiro de fixadores
Vice-presidente da Belenus analisa as origens da elevada demanda de parafusos e similares entre 2020 e 2021
Durante anos o mercado brasileiro de fixadores, principalmente para fornecedores de produtos normatizados, se apresentou com baixa lucratividade e com muita concorrência local e internacional. Uma verdadeira guerra que levou inúmeras indústrias e revendedores a enfrentaram problemas financeiros com várias dessas empresas não conseguindo sobreviver ao longo do tempo. ( Foto - Ezio Ruocco)
Em meados de março de 2020, quando a pandemia da COVID 19 apareceu fortemente no Brasil provocando o fechamento de comércios e redução das atividades em geral, imaginávamos que seria o “caos total” e que somente as companhias fortemente capitalizadas atravessariam essa fase, ainda que bem “machucadas”. De fato, foi isso que ocorreu com agências de viagens, restaurantes, lojas em shopping centers, feiras de negócios e diversos outros segmentos. Não foi assim na maioria dos setores industriais e mais especificamente no segmento de fixadores que – a partir do segundo semestre de 2020, beneficiado pela alta demanda de produtos e significativos aumentos nos preços dos aços – viu fabricantes e revendedores bateram recordes de receitas e lucratividade.
De onde surgiu este aumento de consumo? Possivelmente, se deve ao fato de que muitas pessoas deixaram de viajar, de frequentar restaurantes, de gastar com roupas e passaram a reformar suas casas, comprar eletrodomésticos, etc. Outra hipótese é que com juros reduzidos parte das aplicações financeiras dos brasileiros migraram para consumo e construção civil. Não me arrisco a apontar uma razão principal, mas todas são lógicas e certamente contribuíram com sua parcela para o aumento da demanda de fixadores.
A realidade é que o Brasil já sente importantes sinais de arrefecimento, provavelmente potencializado pela instabilidade política e atraso nas reformas estruturais que inibem investimentos, enquanto Estados Unidos e Europa continuam com seus mercados aquecidos.
Amigos e clientes me perguntam o que esperar dos níveis de preços e consumo de fixadores para os próximos meses. Aqui vai meu “palpite”: Preços sem grandes oscilações, consumo físico similar ao anterior à pandemia e forte concorrência para indústrias e revendedores.
Parabenizo às empresas que souberam aproveitar a oportunidade e investiram em melhorias de controles, reduções de custos e expansões de capacidades.
Ezio Ruocco Jr.
Vice-presidente da Belenus do Brasil Ltda.