Itália News
Sacma, uma realidade em constante evolução
Entrevista com o presidente do Grupo Sacma, Valeriano Rampezzotti
Para se ter uma ideia clara da relevância do Grupo Sacma é necessário visitar as instalações de sua matriz, em Limbiate, província de Monza, Itália. Ali existe um complexo industrial amplo, moderno e com arquitetura harmoniosa. Os escritórios e as áreas de produção se dividem entre ambientes avançados e de conceito altamente funcional.
Ao todo, o Grupo opera com cinco diferentes sites de produção, todos na Itália. O principal, em Limbiate, é um complexo de 60 mil m², 35 mil m² de área coberta, onde os projetos são desenvolvidos, componentes produzidos e as prensas Sacma são montadas.
O segundo site, a OBM, fica em Vimercate (32 km distante), onde se produz peças pequenas e médias para as prensas e para as laminadoras de rosca Ingramatic. O terceiro site é onde são projetadas e fabricadas as laminadoras Ingramatic, em Castelnuovo Scrivia (120 km distante), vizinha de muro do site da Tecno Lift, fabricante de sistemas de transporte e alimentação para prensas e laminadoras. A tudo isso acrescente a aquisição da HS Automazioni Srl, indústria localizada em Turim, especializada na produção de máquinas de tornear e componentes especiais sob a marca HS ASPE. Entre sua produção se inclui máquinas de roscar, máquinas combinadas, máquinas de transferência e máquinas com vários eixos.
O Grupo opera com 240 colaboradores, com subsidiárias na Alemanha, Brasil, China, Espanha, EUA, Índia e Polônia. A produção média é 80 máquinas/ano, entre Sacma e Ingramatic, com faturamento orbitando em € 65 milhões, valor signifi cativo para uma empresa de nicho.
Recentemente, o Grupo tem investido pesadamente na “Indústria 4.0”, visando renovar sites de produção e máquinas. A adoção do conceito 4.0 harmoniza com sua equipe técnica e operacional de alto nível, visando produzir com maior controle e eficiência.
Valeriano Rampezzotti nos explicou um pouco mais sobre a filosofia do Grupo que preside, a seguir.
Sacma tem mais de 80 anos de vida, razão para muito orgulho como um todo, mas e você como gestor? Já é hora de refletir sobre definir novas políticas que visem promover a continuidade e a renovação?
Certamente é hora de refletir sobre políticas de melhoria e inovação contínua. Sobre a recente transição de gerações, que ocorreu gradualmente, considero que meu pai (Giancarlo Rampezzotti) foi um excelente professor, porque diferentemente de muitos outros empreendedores, de muito conhecimento experiência, às vezes falham em explicar e, sobretudo, em transmitir. Meu pai era a essência do empreendedor intuitivo, um guia muito esclarecido que ao longo dos anos conseguiu me ensinar o que é administração, me dando importantes oportunidades, como a administração da Ingramatic, que tinha uma situação não muito fácil no começo. Essa experiência facilitou nossa transição.
Então a transição foi concluída com êxito?
Há sempre algo para aprender. Meus anos de atuação na empresa podem ser poucos, mas a ajuda de valiosos colaboradores e consultores me permitiu ter um foco muito maior no mercado e, portanto, ser capaz de dar respostas certas às escolhas estratégicas. Isso não significa que a fase da fase de mudança tenha terminado completamente, no entanto, significa que foi bastante facilitada e amplamente superada.
Você acha que há muita diferença entre sua gestão e a anterior?
Creio que certas características são muito similares, porque os valores, principalmente em relação aos clientes e funcionários. No meu caso, são os estabelecidos por meu pai: valores de justiça, honestidade e transparência e se queremos ter cuidado também com os funcionários. No entanto, não devemos subestimar que ao longo do tempo mudanças em relação às necessidades possam nos levar para um tipo de gestão mais profissional. Do ponto de vista conceitual, no futuro ela passará de uma empresa com gestão familiar, para uma gestão mais profissionalizada, porém, mantendo o mesmo valor familiar.
Que estratégia corporativa você acha que é necessária para gerir em meio às dificuldades do mercado globalizado?
Mantendo uma estrutura enxuta e flexível, sempre pronta para mudanças. Essas são qualidades que uma empresa de nicho como a Sacma deve manter. Nos últimos tempos, assistimos a muitas transformações de mercado. Para nos mantermos cada vez mais ativos e competitivos devemos renovar os sites de produção e todas as máquinas que fazemos, ou seja, as linhas Sacma e Ingramatic devem ser cada vez mais flexíveis para poderem facilmente fabricar tanto parafusos standard, quanto especiais. Além disso, podemos fornecer não apenas a prensa ou a laminadora, mas também o design e a tecnologia das peças a serem produzidas.
Considera que as contínuas mudanças tecnológicas podem mudar a indústria de fixadores em breve?
Creio que sim, e tenho refletido sobre a introdução do motor elétrico na indústria automotiva. Certamente isso mudará o conceito de parafuso e porca como conhecemos hoje. Se o motor elétrico se estabelecer definitivamente, acho que haverá uma redução funcional dos fixadores em geral. Em outras palavras, avançaremos cada vez mais para peças moldadas e parafusos especiais, mas isso não deve ser visto como algo ruim, e sim como uma nova oportunidade para novos produtos e, em geral, na evolução natural das demandas do mercado.
O que pensa do mercado mundial de aço e, em particular, do italiano, hoje em grande dificuldade?
O mercado mundial de aço continua enfrentando desafios significativos e o motivo está nas políticas de direitos aduaneiros que causaram e estão causando grandes impedimentos para muitos de nossos clientes em todo o mundo. O mercado de aço é global, gerenciado por fluxos de importação e exportação e, portanto, fortemente vinculado às políticas aduaneiras.
No que diz respeito à Itália, acho muito importante garantir uma produção nacional porque quase tudo é feito com aço. Então, para nós, é muito importante manter essa produção em território nacional. Se a situação piorasse, seríamos forçados a importar todo o aço de que precisamos. Mesmo agora, somos obrigados a comprar muito no exterior, com um aumento significativo nos custos.
Preocupado com as consequências da política aduaneira dos EUA?
Exportamos fortemente para os EUA, onde também temos uma subsidiária. No momento não há novidades na alfândega para exportação de máquinas-ferramenta para os EUA. Obviamente, se uma mudança de política ocorresse isso nos colocaria em grande dificuldade, já que temos um grande e importante concorrente local nos EUA.
Como imagina o cenário econômico italiano e mundial após a pandemia do Covid-19?
O vírus nos levará a mudanças na maneira como vivemos, com amplas precauções por muito tempo, até que se alcance uma vacina. Na economia, o impacto negativo será sentido nos próximos anos, na Itália e no mundo. Isso afetará todas as indústrias, do turismo ao setor automotivo. Os governos terão que ajudar todo o sistema econômico a dar liquidez às empresas para limitar os danos sofridos e o desemprego. Ainda é difícil entender como nosso setor irá reagir, mas em tempos de grandes crises você pode ter tempo para se reorganizar e encontrar novas soluções, portanto, também novas oportunidades.