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Entrevista
10/10/2019 02h57

Entrevista

 Mustafa Tecdelioğlu, presidente da Besiad

A Bağlantı Elemanları Sanayici Ve İşadamları Derneği - Besiad é a entidade associada de industriais e empresários de parafusos e similares da Turquia

Em um certo período, todos os povos que imigravam do Oriente Médio para o Brasil, especialmente em São Paulo, se habituaram a serem classificados como “turcos”, embora os imigrantes da Turquia sejam apenas uma pequena parcela dessa colonia no país. Essas interpretações errôneas da origem real dos povos caminha para o fim, devida a irrefreável dissiminação do conhecimento e integração no globo. (Foto - Mustafa Tecdelioğlu)

Com muita generosidade, nossos colegas da Fastener EurAsia Magazine, Turquia, Nurcan Domez e Ali Bayzal, atuaram em conjunto nessa entrevista, falando diretamente com o senhor Mustafa Tecdelioğlu. Essa integração gerou esse conteúdo a seguir, desse povo que tem muita semelhança e laços culturais conosco, além de forte vocação industrial e na produção e comercialização de parafusos e afins.
Boa leitura!

Sr. Mustafa Tecdelioğlu, por favor, conte-nos sua história.

Nasci em 1962, em Malatya, Turquia. Represento a terceira geração de uma família de comerciantes de fixadores. Fabricamos desde 1976, mas comercializamos fixadores desde 1915. Lido com isso desde os 7 anos. Depois de formado no Departamento de Engenharia Civil, da Universidade Técnica do Oriente Médio, em 1984, iniciei assumi a administraçãoda empresa do meu pai. Desde então, tenho presidido o TECDE Group, que inclui 11 de nossas empresas familiares. Em 2000 fui um dos fundadores da Besiad (Associação de Industriais e Empresários de Fixadores). Desde 2006 sou presidente, além de atuar nas Câmaras Industriais e nas ONGs.

Fale sobre a criação da Besiad?

Ela foi criada por algumas fabricantes de fixadores, tendo hoje 90 empresas associadas. Cerca de 80% do que se produz em fixadores na Turquia provém dos nossos associados.

Desde então, Besiad busca tornar esse setor mais profissionalizado, tem eliminado questões prejudiciais ao seu bom funcionamento, melhorado o conhecimento profissional de industriais e empresários neste campo, aprimorado a fabricação local e a promovido o setor internacionalmente.


Atividades da Besiad:
• Aprimomamento da cooperação entre seus associados;
• Realização de feiras e convenções nacionais e internacionais no setor de fixadores;
• Representar a indústria local em reuniões internacionais do setor;
• "Construir pontes" entre produtores e indústrias;
• Organização de treinamentos, cursos, seminários, conferências e painéis;
• Publicação de boletins e revistas para fornecer informações técnicas e comunicação aos membros.

É importante salientar que só podem se associar fabricantes de fixadores e seus fornecedores, tal como de fio-máquina, ferramental, máquinas e serviços. Revendas não são aceitas.

Quantas indústrias de fixadores existem no país e quais são as 10 maiores?

Aqui existem cerca de 300 fabricantes de fixadores, a frio e a quente. Tomando como base as maiores produções em toneladas (t), são elas: Norma Cıvata (1), Çetin Cıvata (2), Teknik Vida (3), Mitaş Cıvata (4), Şara Cıvata (5), Net Cıvata (6), Tekelioglu Cıvata (7), Berdan Cıvata (8), Taşkazan (9) e Rotsan (10).
Juntas, a Norm Cıvata e a Çetin Cıvata representam cerca de 30% dos elementos de fixação produzidos em solo turco.

Dica: Civata é o equivalente a parafuso. Em inglês, o parafuso que usa contrapeça, como a porca, é chamado de bolt. Os demais são screw.

Quanto vocês produzem e para quais mercados são destinados?

Os dados não são muito claros, mas quando levamos em conta a produção e importação de fio-máquina, estimamos produzir perto de 700 mil t de fixadores/ano. Anualmente, importamos 95 mil t. Exportamos 300 mil t, das quais 150 mil t em fixadores e 150 mil t deles incorporados em máquinas e outros. O tamanho do mercado interno na turco é de cerca de 500 mil t. Entre os principais destinos desses produtos, estão o setor automotivo, linha branca, móveis e máquinas. Quanto ao mercado externo, as vendas mais altas são feitas para nações na Europa, que representam cerca de 60% do total exportado em parafusos e afins.

Quando e como a Turquia se tornou este importante player global industrial e de fixadores?

A produção de fixadores turca começou na década de 1950, alcançando expansão junto ao grande movimento industrial em nosso país na década de 1970. Também nesse período iniciou-se a produção de aparafusadoras e matrizes. Nos anos 1980 nossa geração começou a assumir o controle das empresas. Com o crescimento da demanda por fixadores automotivos e de linha branca, os fabricantes locais também passaram a investir na elevação da sua produção. 1980 foi uma década que marcou a importação de máquinas novas e usadas do Extremo Oriente, e a Europa ganhou mais intensidade. Além disso, nessa nos ocasião nos tornamos mais aberto para a Europa e o mundo. Na década de 1990 com a Turquia mais aberta para o livre mercado, somada a entrada da China no jogo, houve um grande avanço de importados. Muitas pessoas que tinham dinheiro, mas pouco conhecimento do negócio, começaram a importar. Isso fez com que muitas empresas que investiam na produção de fixadores enfrentassem dificuldades.

Visando solucionar esses problemas e proteger os fabricantes domésticos, criamos a Besiad. Desde então, os itens chineses se sujeitaram a maior vigilância e passaram a serem submetidos a testes, tornando a importação mais criteriosa. Enquanto as indústrias locais elevaram seus investimentos em maior capacidade produtiva. Obviamente, essas mudanças na indústria fomentaram expansão em outros segmentos industriais. A produção automotiva ultrapassou 1 milhão de unidades (1.094.557 em 2010, segundo a www.oica.net). Produtores de linha branca, como Arçelik, Vestel e BSH, atingiram um número de produção de 10 milhões de unidades. Desde 2010 a Turquia se tornou ainda mais um mercado global.

Sob a liderança da Besiad, iniciaram-se aqui feiras internacionais de fixadores. Com o crescimento da Turkish Airlines (cia aérea) ficou mais fácil chegar a qualquer lugar. Fabricantes turcos começaram a buscar novos mercados no mundo. Marcas conhecidas internacionalmente começaram a se formar no setor de fixadores. Empresas especializadas começaram a ser estabelecidas para setores como forjamento a frio, forjamento a quente, produtos galvanizados por imersão, fixadores ferroviários, indústria moveleira e outros.

Atualmente, nossa produção automotiva em geral orbita 1,75 milhão de unidades/ano, enquanto a capacidade produtiva instalada está 2,1 milhões. Caso a Volkswagen decida escolher a Turquia para sua nova fábrica, esse número chegará em 2,5 milhões.

Marcas automotivas produzidas na Turquia:
Fiat, Peugeot, Renault, Ford, Hyundai, Toyota, Isuzu, Honda, Mercedes-Benz (ônibus interurbanos e municipais, caminhões leves, médios e pesados e caminhões de reboque), Karsan (microônibus, ônibus) e BMC (ônibus e veículos de uso militar).

Mas a sub-indústria automotiva é maior que a própria indústria automotiva na Turquia. Ela é três vezes superior à principal indústria, exporta para empresas automotivas do mundo cerca de três vezes mais peças do que fornece para a principal indústria automotiva em seu mercado doméstico. Existem milhares delas aqui que estão ativas. O setor automotivo é quem tem maior valor de exportação da Turquia. Cerca de 80% dos fixadores usados em autos produzidos na Turquia são fornecidos por fabricas locais.

O outro setor turco com forte produção, tanto quanto automotivo, é a linha branca. As principais e sub-indústrias dessas linhas exportam para todo o mundo. Com as marcas Arçelik, Vestel e BSH, a Turquia é um dos 2 maiores produtores da Europa.

É verdade que a Turquia já consegue competir com a China? Isso se deve a investimentos ou o efeito provém de questões ambientais que causaram aumento no preços chineses?

O principal fator nessa capacidade competitiva turca com a China esta na agilidade para fazer itens personalizados. Há também velocidade de produção e distância logisticamente próxima da Europa. Entregamos nos pontos europeus mais distante em seis dias, enquanto a China demanda 40 dias. O pedido mínimo da China é de 20 t, enquanto podemos atender pedidos de 1 t. Os fabricantes turcos usam máquinário e ferramental de ponta, o que aumentam a velocidade, a eficiência e a qualidade da produção. Além disso, 80% de nossas empresas possuem todas certificações de qualidade e outros documentos necessários. Nossa engenharia da qualidade está em um estado bem avançado.

Outro fator que eleva nossa competitividade está na produção local de matéria-prima. Cerca de 94% da matéria-prima que utilizamos é feita aqui. Essa produção começou sob a influência da Besiad em negociação com os produtores de aço. Assim, foi assegurado o início da produção de fio-máquina para as linhas de fixadores, dando aos "parafuseiros" condições para adquirir material mais rapidamente e com o benefício de não precisar estocar muito, o que também reduziu custos de estoque. Enquanto isso, a mão-de-obra e outros custos na China estão em alta, o que se reflete em seus preços. Por outro lado, nossa produção de matéria-prima passou a exportar fio-máquina, além de atender o mercado doméstico. Essa exportação já atingiu mais 1 milhão de t.

Quantas toneladas de fixadores são importados por ano e quais as origens?

Em 2018, foram importadas 95 mil t de fixadores, dos quais 35% eram da China. Taiwan e outros países europeus são as outras fontes dessas importações. No entanto, esse números estão caindo ano a ano, enquanto nossa produção e exportação de fixadores está aumentando.

Está otimista sobre o futuro do setor de fixadores na Turquia?

Estou esperançoso sim com esse setor da Turquia, porque somos um país industrial e existem outras indústrias em crescimento por aqui. Automotivo, linha branca, móveis, calçados, construção e máquinas são setores em que estamos constantemente entre os 3 primeiros na Europa como fabricantes.

Recentemente, enfrentamos o fato de que houve muitos tumultos em países vizinhos. No entanto, essa situaçãonão vai durar para sempre. Talvez dentro dos próximos dez anos, cerca de 40 a 50 cidades sejam reconstruídas e novas cidades sejam formadas de acordo com o padrão de vida de 150 a 200 milhões de pessoas. Nesse momento a Turquia terá um papel muito importante. Como usamos nossos recursos corretamente, damos importância à força de trabalho bem treinada, fazemos os investimentos certos. A Turquia é um país muito esperançoso e aberto a novos horizontes.

Você conhece algo sobre o Brasil, já visitou?

Já visitei o Brasil, mas não tive nenhuma atividade comercial. Trata-se de um país de rápido crescimento em fixadores. Eu o comparo muito com a Turquia no crescimento de suas indústrias e suas reações às crises. Devemos estar em estreito contato com o Brasil, e acho até que devemos ser países irmãos. Não somos rivais, temos que trabalhar como dois países irmãos. Enviamos nossas saudações aos nossos colegas brasileiros. Espero que façamos negócios juntos. Ficaríamos honrados em tê-los nos visitar em nosso país a qualquer momento.

Mustafa Tecdelioğlu
info@besiadturkey.com

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