Entrevista
Marco Polo de Mello Lopes
Durante entrevista coletiva, o presidente do Instituto Aço Brasil apresentou um balanço positivo sobre o desempenho da indústria nacional de aço, uma das 10 maiores do mundo
Marco Polo de Mello Lopes
Michel Temer já não mais ocupa o posto máximo da República, mas quando concluímos esta compacta entrevista – com parte do conteúdo gentilmente fornecido pela assessoria de imprensa do instituto Aço Brasil (IAB) – ele ainda era presidente e pato manco (“lame duck” como se diz em EUA sobre políticos “cumprindo aviso prévio”). Mas, em seu encontro com a imprensa, nosso entrevistado que é presidente do IAB iniciou sua apresentação fazendo justas e elogiosas citações a Temer, lembrando que seu governo será marcado por seu “DNA reformista”, incluindo a modernização trabalhista, a terceirização e o controle dos gastos governamentais, bem como o controle da inflação e a estabilização da taxa de juros no mais baixo patamar da série histórica (6,5% ao ano) e que está deixando um país muito melhor do que encontrou, e que certamente será benéfico aos próximos governantes e à população em geral.
Em seguida, Marco Polo fez algumas exposições em slides sobre o universo nacional e internacional do aço em tempos recentes, questões sobre a defesa de mercado, finalizando com o balanço 2018. Ele demonstrou um pertinente otimismo em relação a 2019, especialmente pelo nível de confiança do empresariado, o mais alto desde 2012, bem como pela expectativa de que a retomada das mais de 3 mil obras públicas de infraestrutura seja o começo da tão esperada redenção da maior economia do Continente.
O IAB, que integra coalizão empresarial da indústria ao lado de outras 09 entidades de classe (ABIMAQ, ABINEE, Abicalçados, ABIQUIM, ABIT, ABRINQ, ANFAVEA, AEB e CBIC), tem conversado com o Governo em busca de uma agenda que tem como primeira e imprescindível prioridade o ajuste fiscal, associado à aprovação das reformas da previdência e tributária. Constam também como prioridades da agenda da coalizão a retomada dos investimentos na construção civil e em infraestrutura e o fomento às exportações.
Desempenho
Ao finalizar 2018, a indústria brasileira do aço deve confirmar sua trajetória de recuperação com crescimento nas vendas internas de 8,9% em relação a 2017, somando 18,8 milhões de toneladas (Mt) e de 8,2% no consumo aparente, que deve atingir 21,1 Mt, segundo previsão do IAB. No tocante à produção, tendo em vista a entrada de novas produtoras de aço no mercado e o atingimento do pleno ritmo de operação pela Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), a indústria brasileira desse segmento pode ter terminado 2018 com recorde de produção de aço bruto (estimada em 36 Mt). As importações devem aumentar 2,6% em relação a 2017, totalizando 2,4 Mt, e as exportações devem cair 7,2%, devendo atingir 14,2 Mt. Apesar desses números positivos, quando comparados a 2017, as projeções das vendas internas e do consumo aparente ainda permanecem abaixo dos níveis de 2013.
Inesperado
A decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, de restringir o mercado americano às importações de aço (a chamada “Seção 232”), desencadeou uma escalada protecionista por parte dos demais países prejudicando o crescimento do volume das exportações. Por aqui, a greve dos caminhoneiros, ocorrida em maio, dificultou um maior crescimento das vendas de aço no mercado doméstico em 2018. Essa ação gerou a paralisação de 10 aciarias e 15 laminações e 16 auto-fornos abafados. Os impactos acumularam R$ 3,3 bilhões de prejuízo: R$ 1,1 bilhão devido à greve; R$ 1.8 bilhão devido à tabela do frete e R$ 400 milhões em função do Reintegra.
Mercado Global
Entre diversos slides, Marco Polo apresentou uma trajetória que destaca, por exemplo, o desempenho do aço chinês, que aumentou mais de 76 vezes sua entrada no mercado Brasileiro. Comparando, no ano 2000 o Brasil importava 12 mil toneladas (t) de aço Made in China. Já 2018 deve fechar com 915 mil t. Segundo o entrevistado, é necessária a adoção de salvaguardas, recurso utilizado por todas grandes nações da economia global. Assim, a reputação de que o Brasil é uma nação fechada ao mercado externo não se sustenta se comparado aos 10 maiores países em produto interno bruto (PIB) do mundo. O quadro abaixo mostra a posição do Brasil no ranking do PIB e na produção global de aço.
Expectativas 2019
As previsões são otimistas em relação às medidas que estão sendo anunciadas pelo novo Governo. O IAB, vive uma expectativa de aumento das vendas internas de aço na casa de 5,8%, totalizando volume de 20 Mt, com o consumo aparente subindo 6,2%, indo para 22,4 Mt. O IAB que integra coalizão empresarial industrial junto com outras 09 entidades de classe (Abimaq, Abicalçados, Abinee, Abit, Abiquim, Abrinq, AEB, Anfavea e CBIC), tem recomendado que o Governo adote uma agenda incluindo como imprescindível o ajuste fiscal, associado à aprovação das reformas da previdência e tributária, bem como recomendando a aplicação de 3,3% do PIB em infraestrutura, mas que o ideal seria 5% para se manter um crescimento sustentável.
Ranking das 10 maiores economias mundias
Marco Polo de Mello Lopes